quinta-feira, 6 de junho de 2013

O AMOR REJEITADO

C. S. Lewis escreveu o livro “Os quatro amores” para descrever as formas de amor que existem. Desde o amor de um ser humano para com outro, até o amor de Deus para conosco. Possuímos algumas expressões do amor. Amamos a Deus, em primeiro lugar, depois o marido ama a esposa, os pais os filhos, e vice-versa, e os amigos e irmãos se amam. Mas, qual é o amor rejeitado?

Esta é uma expressão do amor que não cultivamos muito na igreja, porque aos olhos humanos não é amor. Este amor qualificado aqui de rejeitado é a “exortação”. Por definição amar é se sacrificar em prol do benefício de alguém, quem quer que seja, mesmo o próprio inimigo. A exortação é uma forma de sacrifício pelo outro. “Como assim?” No momento em que você decide interferir na vida de alguém para lhe aconselhar a deixar determinado pecado evidente, você está arriscado a amizade com esta pessoa. Isto, não somente porque somos a sociedade do “politicamente correto”, mas, também, porque desde Gênesis 3 ninguém gosta de ouvir um conselho sobre seu próprio pecado.

No entanto, claramente nas Escrituras observamos que exortar é uma forma de amar. Por exemplo, quando Natã chega para aconselhar Davi a se arrepender do seu pecado, no caso, o de adultério e assassinato, ele esta cumprindo a vontade de Deus. O profeta foi comissionado por Deus para fazê-lo: “O SENHOR enviou Natã a Davi” (2 Sm 12.1). Era importante que o rei enxergasse seu pecado e se arrependesse, visto ser esta a vontade de Deus. Como mostra o Salmo 51, Davi realmente se arrependeu do mal que fez. O Senhor amou a Davi quando enviou Natã para exortá-lo.

No Novo Testamento, quando temos uma questão com alguém, ou seja, quando um irmão nos ofende, o que devemos fazer? “Falar para o pastor, a fim de que ele seja o intermediário na solução do problema!”. Parece até uma solução sábia, mas Jesus ensina que devemos sozinhos procurar o irmão ofensor para ganhá-lo. O ofendido atrás do ofensor; não para vingança, mas para restauração. Esta estratégia só poderia ter vindo do Mestre! (Mt 18.15). Isto é amor, e a exortação é amor também.

Mas, quantos de nós praticamos isto? Preferimos “deixar para lá”, esquecer a situação para não causar confusão no seio da igreja. Realmente, se chegarmos aos irmãos para discutir vai haver confusão; porém, se buscarmos o pecador para “ganhá-lo”, o resultado será amor.

Fechamos os olhos para os pecados na igreja, para os erros que somente dá para resolver com uma conversa específica e pessoal. Mas, não o fazemos. Fechamos os olhos, também, para a Bíblia, que diz: “Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria [...]” (Cl 3.16a).

Paulo, o apóstolo, estava pronto a aconselhar, ou exortar, as igrejas que andavam em pecado (1 Co 4.14). Ele mesmo disse que os crentes podem ter o entendimento para admoestar, o mesmo que exortar, uns aos outros (Rm 15.14). O autor da Epístola aos Hebreus apresenta o primeiro passo para este ato de exortar ao irmão contra algum pecado: “Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Hb 10.24).


O ato de exortar, ou aconselhar, um irmão sobre seu pecado não deve ser feito com uma postura de vingança, cobrança ou superioridade, mas com amor, entendendo que não somos juízes para cobrar os erros de ninguém, e, sim, servos que compreendem o poder destrutivo do pecado. Por isso, a exortação é uma expressão do amor cristão, que devemos com toda sabedoria cultivar em nossas vidas.  

Um comentário:

  1. Ótimo texto, Pr. Valney.

    Simples, direto e hiper profundo. Estava precisando ler isso. Pensei que o fato de preferir ser exortado a exortar era algo que eu deveria "me gloriar". Graças a Deus puder ver que isso é falta de amor e eu estava sendo egoista.

    Com esse texto o senhor nos mostrou o seu amor, nos exortando.

    Abração,
    Miguel Alysson

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