C.
S. Lewis escreveu o livro “Os quatro amores” para descrever as formas de amor
que existem. Desde o amor de um ser humano para com outro, até o amor de Deus
para conosco. Possuímos algumas expressões do amor. Amamos a Deus, em primeiro
lugar, depois o marido ama a esposa, os pais os filhos, e vice-versa, e os
amigos e irmãos se amam. Mas, qual é o amor rejeitado?
Esta
é uma expressão do amor que não cultivamos muito na igreja, porque aos olhos
humanos não é amor. Este amor qualificado aqui de rejeitado é a “exortação”.
Por definição amar é se sacrificar em prol do benefício de alguém, quem quer
que seja, mesmo o próprio inimigo. A exortação é uma forma de sacrifício pelo
outro. “Como assim?” No momento em que você decide interferir na vida de alguém
para lhe aconselhar a deixar determinado pecado evidente, você está arriscado a
amizade com esta pessoa. Isto, não somente porque somos a sociedade do
“politicamente correto”, mas, também, porque desde Gênesis 3 ninguém gosta de
ouvir um conselho sobre seu próprio pecado.
No
entanto, claramente nas Escrituras observamos que exortar é uma forma de amar.
Por exemplo, quando Natã chega para aconselhar Davi a se arrepender do seu
pecado, no caso, o de adultério e assassinato, ele esta cumprindo a vontade de
Deus. O profeta foi comissionado por Deus para fazê-lo: “O SENHOR enviou Natã a Davi” (2 Sm 12.1). Era importante que o rei
enxergasse seu pecado e se arrependesse, visto ser esta a vontade de Deus. Como
mostra o Salmo 51, Davi realmente se arrependeu do mal que fez. O Senhor amou a
Davi quando enviou Natã para exortá-lo.
No Novo Testamento, quando temos uma questão com alguém,
ou seja, quando um irmão nos ofende, o que devemos fazer? “Falar para o pastor,
a fim de que ele seja o intermediário na solução do problema!”. Parece até uma
solução sábia, mas Jesus ensina que devemos sozinhos procurar o irmão ofensor
para ganhá-lo. O ofendido atrás do ofensor; não para vingança, mas para
restauração. Esta estratégia só poderia ter vindo do Mestre! (Mt 18.15). Isto é
amor, e a exortação é amor também.
Mas, quantos de nós praticamos isto? Preferimos “deixar
para lá”, esquecer a situação para não causar confusão no seio da igreja.
Realmente, se chegarmos aos irmãos para discutir vai haver confusão; porém, se
buscarmos o pecador para “ganhá-lo”, o resultado será amor.
Fechamos os olhos para os pecados na igreja, para os erros
que somente dá para resolver com uma conversa específica e pessoal. Mas, não o
fazemos. Fechamos os olhos, também, para a Bíblia, que diz: “Habite, ricamente,
em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a
sabedoria [...]” (Cl 3.16a).
Paulo, o apóstolo, estava pronto a aconselhar, ou
exortar, as igrejas que andavam em pecado (1 Co 4.14). Ele mesmo disse que os
crentes podem ter o entendimento para admoestar, o mesmo que exortar, uns aos
outros (Rm 15.14). O autor da Epístola aos Hebreus apresenta o primeiro passo
para este ato de exortar ao irmão contra algum pecado: “Consideremo-nos também
uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Hb 10.24).
O ato de exortar, ou aconselhar, um irmão sobre seu
pecado não deve ser feito com uma postura de vingança, cobrança ou
superioridade, mas com amor, entendendo que não somos juízes para cobrar os
erros de ninguém, e, sim, servos que compreendem o poder destrutivo do pecado. Por
isso, a exortação é uma expressão do amor cristão, que devemos com toda
sabedoria cultivar em nossas vidas.
Ótimo texto, Pr. Valney.
ResponderExcluirSimples, direto e hiper profundo. Estava precisando ler isso. Pensei que o fato de preferir ser exortado a exortar era algo que eu deveria "me gloriar". Graças a Deus puder ver que isso é falta de amor e eu estava sendo egoista.
Com esse texto o senhor nos mostrou o seu amor, nos exortando.
Abração,
Miguel Alysson