Será uma nova seita gourmet? Talvez um
grupo de pessoas que decidiram fazer do aparelho digestivo o objeto de sua
adoração? Ou, será que esta denominação se refere a uma nova religião
organizada pelos gastroenterologistas, médicos responsáveis pelo tratamento do
aparelho digestivo?
Na verdade, nenhum destes pensamentos
está correto. “Gatroadoradores” é um jogo de palavras criado para refletir uma
verdade espiritual. Estes não são uma nova seita ou religião, mas uma velha prática
de adoração, ainda, hoje, presente na igreja de Jesus. A palavra “gastro” está
ligada ao “estômago”, logo, o sentido é “adoradores do estômago”. Parece
estranho, mas Paulo chamou a atenção dos crentes de Filipos para esta verdade: “O destino deles é a perdição, o deus
deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se
preocupam com as coisas terrenas” (Fp 3.19).
O sentido do vocábulo “gastroadoradores” saiu da expressão “o deus deles é o ventre”, que Paulo usou para qualificar irmãos da
igreja de Filipos que estavam vivendo de modo errado diante do Senhor.
Literalmente, o texto diz que “o deus
deles é o estômago”. Paulo está se referindo a uma atitude egoísta. O
estômago estava (e ainda está) relacionado aos muitos prazeres. Uma boa
refeição, acompanhada por uma sobremesa sofisticada, é um dos pontos altos do
dia de uma pessoa. O ato de se alimentar é algo extremamente íntimo e que
diretamente só beneficia aquele que o pratica, por isso, tem a conotação de
algo para si e não para os outros.
As entranhas, no contexto bíblico onde o estômago também
está situado no pensamento antigo, eram um símbolo das emoções, e não o coração
como se vê hoje em nossa cultura ocidental. Isto ocorria, provavelmente, pela
sensação conhecida como “frio na barriga” que ecoa nossos picos emocionais,
para mais ou para menos. Os antigos também possuíam esta mesma sensação, daí
atribuir às entranhas a fonte das emoções.
O ventre como
centro das emoções é usado pelo apóstolo como uma figura do egoísmo dos
crentes. O egoísmo pode se expressar de várias formas na vida de um cristão.
Como se expressou no contexto desta igreja? Paulo nos dá algumas pistas para
compreendermos esta forma de egoísmo. Primeiro, ele os chama de partidaristas e
os exorta a humildade de Cristo (Fl 2.3-11). Em segundo lugar, o apóstolo
mostra que alguns destes irmãos pregavam o evangelho de Jesus de modo a
estabelecer uma oposição a Paulo (Fl 1.15). Por fim, ele aconselha irmãos a não
estarem em contendas, mas a andarem em concordância (Fl 4.2).
Adorar o estômago é ser egoísta no
serviço do Senhor. É querer com que tudo seja feito de acordo com sua vontade,
talvez criar partidos na igreja por questões secundárias. Seu destino é a
perdição, pois se preocupam com as coisas terrenas. Os gastroadoradores não
pensam no contexto mais amplo da obra do Senhor e no seu objetivo: glorificar a
Deus por meio da pregação do evangelho aos perdidos.
Se você só pensa em si mesmo saiba que
há um remédio para esta doença, e Paulo o prescreve: “Pois a nossa pátria está nos céus,
de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fl 3.20). O
crente não é deste mundo! Não investe neste mundo! Não se amarra as coisas terrenas!
Precisamos delas para viver, mas não vivemos para elas, e sim para Deus. Você é
um cidadão celestial? Então, por que só pensa em você? Ame seus inimigos,
pregue o evangelho e conheça o SENHOR!
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