segunda-feira, 27 de junho de 2011

PARADOXO

Que desânimo! Estou sem a mínima vontade de ir à igreja. Não por causa de um fator específico. Talvez foram vários fatores. Porém, mesmo que os identificasse, sabia que nenhum justificaria tal desânimo. Apesar de ir contra a lei do meu sentimento, fui à igreja. Era domingo à noite. Culto de adoração. Irmãos andando pelos corredores e pela nave, aguardando o sublime momento.

Começou. Cânticos já conhecidos, mas belíssimos me faziam pensar no Senhor. Porém, o desânimo ainda estava em mim. Talvez você pergunte: “Desânimo de quê? Ou melhor, por quê?” Não tenho resposta para você. Somente o desânimo. MAS, sempre é bom quando aparece um “mas”, tudo mudou com a leitura de um Salmo. Este eu já havia lido várias vezes em minha vida de igreja, mas, hoje, o hino 40 do saltério hebraico me modificou de um desanimado espectador para um pecador quebrantado em lágrimas!

Um homem jovem subiu a tribuna e leu pausadamente o Salmo 40, na íntegra. Durante a leitura meus olhos quase saltaram da órbita sobre alguns versículos, que me transportaram para o mundo espiritual, de modo que não mais tinha os sentidos atentos ao que se passava no ambiente da igreja, pois queria somente registrar estas impressões.

Um destes versículos foi:
“Não têm conta os males que me cercam; as minhas iniqüidades me alcançaram, tantas, que me impedem a vista; são mais numerosas que os cabelos de minha cabeça, e o coração me desfalece” (Sl 40.12).

“Desânimo de quê?” tenho o que preciso e nada me falta! No entanto, os meus pecados me alcançaram! São mais numerosos que os cabelos da minha cabeça. Por isso, meu coração está desanimado! A convicção de pecado nos transforma, pois nos coloca em nosso lugar. Sou um pecador dependente do Senhor, e sem Ele não tenho condição nem de estar alegre na sua presença. O homem é tão pecador que não percebe a que distancia está do seu Senhor.

O início do Salmo (v.1-4) nos leva a pensar no Senhor como um refúgio e socorro. Precisamos depender de Deus, isto significa reconhecer que não conseguimos sem Ele. Não estou me referindo a questões humanistas, mas, sim, a nossa missão ontológica: glorificar a Deus! Sem o Senhor não temos condição de glorificar a Deus.

O autor inspirado dessa poesia apresenta uma fala bem pessoal no final do Salmo 40: “Eu sou pobre e necessitado, porém o Senhor cuida de mim; tu és o meu amparo e o meu libertador; não te detenhas, ó Deus meu!” (v.17). Usando o clichê de muitos que não tem o que dizer, creio que não seja o meu caso: “Faço destas palavras as minhas”. Sou um pobre e necessitado, por isso preciso do Senhor.

O ânimo voltou. Não por causa de algo físico, material ou emocional, mas por causa da Palavra inspirada de Deus. Os grandes avivamentos registrados na história da igreja foram marcados pela intensa percepção dos pecados e pela busca da Palavra de Deus! Peço ao Senhor, que na sua misericórdia sempre ele dispense esta graça em minha vida.

Realmente é um paradoxo. Como uma pessoa desanimada vai se motivar por meio de palavras que apresentam aspectos negativos de sua vida? Não sou psicólogo, mas nesta questão a psicologia perdeu, ao ensinar técnicas de elevar a auto-estima para melhorar a qualidade de vida do ser humano. E o que dizer do “pensamento positivo” de muitos livros dos pseudo-psicólogos cristãos, que usam o nome do Mestre Jesus com técnicas humanistas de persuasão para a obtenção da felicidade?

A libertação espiritual é a libertação dos pecados. É simples, porém paradoxal. Reconhecer nossa depravação total é o primeiro passo para uma busca apaixonada e apaixonante por Deus. Isso é básico para o cristão, porém fundamental, de modo que sempre deve ser lembrado.

Não são necessários atrativos externos para se buscar ao Senhor, basta a Palavra! O restante do culto cristão é importante, mas a Palavra nos conduz a Deus, e nos faz chegar diante dele em adoração genuína, como verdadeiros adoradores.

Fui motivado, e ainda estou, porque Deus me disse, através da sua Palavra, que meus pecados são mais numerosos do que os cabelos de minha cabeça. Fui motivado porque percebi que preciso do Senhor mais do que imagino. Fui motivado por recordar a graça de Deus em minha vida. O Senhor me lembrou porque preciso ir a Sua igreja.

Você já imaginou se eu não fosse ao culto nesta noite? Se sucumbisse ao desânimo e à vontade do meu ser de encher-me com leituras e filmes? Ou se buscasse a saciedade de prazeres? A resposta é: “Eu não contemplaria a glória de Deus”.

Autor anônimo

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