SOMENTE UMA ORAÇÃO

Em um daqueles dias atarefados o telefone tocou. Era manhã, o início de um dia cheio, com muitos planejamentos para a semana na igreja. Normalmente poucos aparecem nos primeiros horários do dia da segunda-feira para conversar ou tirar dúvidas sobre a Bíblia. Mas nesta segunda-feira foi diferente.

O telefone tocou, e por traz dele estava uma voz triste e sussurrante. A princípio não identifiquei a pessoa, e não poderia mesmo, porque ela faz parte de uma igreja pentecostal da nossa capital. Em tom triste e fraco, transparecendo o cansaço de alguém que não mais tem energia para lutar, que a muito tem sofrido, e, por isso, está a desfalecer, conta as razões de sua aflição.

Era a Maria (nome fictício) que estava do outro lado do telefone. Seu problema era o de muitos cristãos do nosso país: um conflito conjugal que rumava para um iminente divórcio. Como ela relatou, seu esposo é cristão, e eles tem uma filha. Já possuem cerca de dez anos de casamento e estão se congregando em uma igreja pentecostal muito grande da nossa cidade, Fortaleza. Mas, estavam enfrentando uma séria crise no casamento.

Ao ouvir seu drama, minha mente começou a alistar textos da Bíblia para poder confortar esta irmã, totalmente desconhecida para mim. Senti-me extremamente triste ao ouvir sua voz, e a tristeza foi aumentando à medida que sua história era contada. Queria dar a ela algo para aliviar seu sofrimento, por isso pensei em algumas palavras de consolo, motivadas por princípios da Escritura. Mas, então, percebi pela entonação da mulher que ela não queria conselhos ou conforto. Ela queria somente uma oração!

Ninguém nunca ligou pedindo uma oração. Ela não queria que eu orasse por ela depois, não. A oração era para ser feita pelo telefone mesmo. Apesar de surpreso, eu orei. Cri que Deus responderia esta oração telefonada! (Como é a modernidade. Talvez, em breve, eu ou você esteja orando a Deus, em favor de outro irmão, pelo Skype).

Penso que esta irmã pentecostal já estava cansada de conselhos e estratégias para consolidar seu casamento. Talvez várias foram as tentativas de restauração e de perdão. Não sei nem precisar qual era o problema deste casal. Só sei que ela queria somente uma oração.

Acho que, por ser de origem pentecostal, a irmã Maria entendeu que minha oração seria mais importante que a dela. Sabemos, porém, que na Nova Aliança todos somos sacerdotes do Senhor Jesus Cristo, e, por isso, nossas orações tem a mesma validade diante do Senhor; é claro que quando evocadas a partir de vidas santas e consagradas, porque em pecado, Deus não vai ouvir nossas orações.

Mas, talvez, ela estava tão debilitada pelo problema que avassalava seu casamento, que não mais tinha forças para orar. Há situações que precisamos de alguém que nos leve a Deus em oração. Por isso, a Escritura Sagrada nos orienta a orarmos uns pelos outros, para que o Senhor nos sustente pela Sua graça, em meio as nossas debilidades.

Desliguei o telefone. Terminada a oração, ela não queria mais conversar nada. Despediu-se e a ligação foi encerrada. Estimo que a conversa, junto com a oração, durou apenas dez minutos, mas rendeu a mim uma grande lição: às vezes é necessário somente uma oração!