QUEREMOS SOMENTE O BEM DE DEUS!

E por que não? É errado desejar somente receber as coisas boas que vem da parte do Senhor? Não. Mas é errado aceitar somente estas. Muitas são as pregações veiculadas por programas evangélicos televisivos com a mensagem de “bênção” para o telespectador. A promessa de uma vida melhor com Deus é o que atrai muitas pessoas às igrejas evangélicas. Percebe-se até nos pedidos de oração a igreja interessada pelo seu bem estar. Sim, e qual o problema? Não era para ser assim? Não é verdade que há promessas de bênçãos na Bíblia para o seu povo? Então, porque levantar a questão?

Ao longo da história do cristianismo, existiram momentos em que certas partes da Bíblia foram mais ressaltadas que outras, proporcionando um desequilíbrio na doutrina. Estamos vivendo em um destes momentos de desequilíbrio. Pensando em uma balança comum de dois pratos, o humanismo tem pesado mais do que a soberania de Deus. Em um certo sentido, por sermos humanos devemos querer o bem para nós, se não fosse assim estaríamos doentes ou depressivos. Por outro lado, não podemos ser humanistas e desconsiderar a soberania de Deus, que controla todos os eventos, até mesmo os maus. Vivemos em um desequilíbrio porque desejamos mais o nosso bem, e quando vivemos episódios maus em nossas vidas não conseguimos entendê-los. Parece que não processamos bem aquilo que é prejudicial as nossas vidas, porque não mais conseguimos ver que aquilo vem de Deus. É estranho a sociedade do século XXI dizer: “Eu recebi o bem de Deus, estou pronto para receber também o mal”.

É impensável esse comportamento porque a tônica da pregação evangélica nessa era é a felicidade, segundo os padrões materialistas de existência, e não de acordo com a doutrina cristã baseada na Bíblia. No entanto, na revelação de Deus, um personagem falou exatamente o que foi posto acima: “temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?”

A história de Jó é bem conhecida dos crentes. É uma narrativa atraente e interessante. O texto é chocante porque nos leva ao ambiente de um homem muito fiel que sofreu bastante. Perdeu família, saúde, bens, e até bons amigos. Foi socialmente desprezado. Normalmente, associamos estas situações ao juízo de Deus contra algum pecado. Nós sabemos que foi uma questão entre Deus e satanás porque temos o livro de Jó em nossas Bíblias. Mas o próprio personagem, talvez, nunca tenha entendido o porquê de tanto mau em sua vida. Na verdade, Deus nem quis explicar o motivo do sofrimento que ele estava passando.

Jó somente poderia lamentar: “Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação” (Jó 3.26). Se um dia chegarmos a essa situação de não ter descanso, nem sossego, nem repouso, e somente uma grande PERTURBAÇÃO, o que fazemos fazer? Lembrando que Jó era um bom crente. Ou seja, se não somos fiéis a Deus e sofremos, é facilmente compreensível; Deus nos está julgando. Mas, se somos fiéis, por que encarar a perturbação? É algo difícil de entrar na mente humana.

Devemos estar prontos para aceitar o mal que é permitido de Deus; e nesse sentido o mal vem dEle. Assim como fez Jó, no diálogo com sua compreensiva esposa: “Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” (Jó 2.10).

A mulher de Jó deu o seguinte conselho ao seu marido: “Ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre” (Jó 2.9). Porém, não compreender que o mal, também, vem de Deus é loucura, por isso Jó qualificou sua esposa assim. Sábio é aquele que depende do Senhor e espera nele, naquilo que é bom e naquilo que é mal. Pois o SENHOR é soberano.

“Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios” (Jó 2.10c). Podemos confiar no testemunho de Jó. Mas, estamos prontos para reagir como ele reagiu ao que é mal? Estamos preparados para receber o mal de Deus e permanecermos fiéis ao Senhor? Graças a Deus que nos ensina e tem paciência conosco que somos meros pecadores, pois, desta forma, temos a esperança de aprender como Paulo aprendeu:

“Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.12-13).

A DEUS TODA GLÓRIA!