sexta-feira, 7 de agosto de 2009

ERUDIÇÃO E ESPIRITUALIDADE

Normalmente, ouve-se da boca dos seminaristas parte do texto de Eclesiastes 12.12: “o muito estudar é enfado da carne”. Ou aquela piadinha baseada no texto de Atos 26.24: “As muitas letras te fazem delirar!”. Porém, obviamente, é pura brincadeira visto que o conhecimento acadêmico é fundamental para o conhecimento espiritual.

Certa vez ouvi um pregador, de uma igreja histórica, discorrendo sobre João Batista. Ele disse: “Irmãos João Batista era um homem muito simples, visto que comia gafanhotos com mel! Estes gafanhotos eram um fruto originário da Palestina...” E parece que todos na pequena congregação acreditaram nele.

Outra vez, um colega de seminário que não havia estudado a disciplina de hebraico bíblico, por considerá-la muito difícil, pregou na igreja de seu professor, no texto de Salmo 119.1-8. Na introdução ele disse com toda a ênfase: “Irmãos, vejamos o que este sábio homem Alefe escreveu para nossa edificação espiritual!” Compartilhando conosco, este colega de seminário, disse apenas que viu uma risadinha no canto da boca de seu professor, que depois lhe explicou a gafe hermenêutica que cometera.

Além destas há muitos outros deslizes hermenêuticos, como os que acham o Grande Trono Branco o lugar da misericórdia de Deus para os crentes fiéis; os arminianos que precisam estudar mais; os dispensacionalistas clássicos, que engessam as Escrituras; e os da teologia do pacto que batizam infantes (Há! Há! Há!). Temos que perscrutar as Escrituras para melhorar servir nosso Senhor.

Existem várias razões para se estudar academicamente a Palavra do Senhor. Primeiramente, o desejo de conhecer a pessoa de Deus, através de sua revelação. A Escritura revela o Senhor, e conhecer a Deus é viver no presente a vida eterna, em certo sentido, através do entendimento de João 17.3: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. A segunda razão para se estudar academicamente a Palavra Inspirada é que o pastor deve ter aptidão para o ensino desta, como descrito em 1 Timóteo 3.2: “É necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar”.

A terceira razão focaliza na importância da sã doutrina que dirige nossas igrejas, como se observa em 2 João 1.9: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho”. Paulo recomenda Tito a ser apegado à palavra fiel, que está de acordo com a sã doutrina: “apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o contradizem” (Tt 1.9).

A quarta razão para o estudo acadêmico da Palavra de Deus é de teor apologético. O apóstolo João recomenda os irmãos a não receberem em casa os que trazem doutrina diferente da pregada pelos apóstolos, como descrito em 2 João 1.10: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas”.

Obviamente, a quinta e última das razões elencadas para o estudo acadêmico da Palavra de Deus é o próprio conhecimento correto da Bíblia. Pedro foi honesto ao reconhecer que existem certos escritos inspirados difíceis de compreender, como registrado em 2 Pedro 3.16: “ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles”.

Devido à dificuldade de compreensão dos escritos paulinos alguns preferiram deturpar a ler corretamente a Escritura Sagrada. São qualificados como ignorantes e instáveis porque relaxaram na tarefa da análise do texto. Quantos estão por aí pregando a Briba por causa de sua própria ignorância.

O profeta Daniel demonstrou o conhecimento apurado das Escrituras do Antigo Testamento ao estudar o profeta Jeremias com a finalidade de compreender o tempo do fim das assolações de Jerusalém: “no primeiro ano do seu reinado, eu, Daniel, entendi, pelos livros, que o número de anos, de que falara o SENHOR ao profeta Jeremias, que haviam de durar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos” (Dn 9:2).

O Senhor Jesus Cristo demonstrou o uso de ferramentas acadêmicas na pregação da Palavra de Deus, quando respondeu aos saduceus sobre a questão da ressurreição. O Mestre usou uma abordagem gramatical do texto bíblico em Mateus 22:31-32: “31 E, quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos declarou: 32 Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó? Ele não é Deus de mortos, e sim de vivos”. O argumento repousa sobre o verbo ser, que usado no presente, mesmo depois da morte doa três patriarcas, enfatiza que estavam vivos com o Senhor, indicando a futura ressurreição.

O Senhor Jesus Cristo também demonstrou um conhecimento acadêmico das Escrituras ao citar textos do Antigo Testamento. Quando foi a Nazaré, em uma de suas viagens, o Senhor citou o profeta Isaías na leitura da sinagoga para confirmar o cumprimento da profecia, como é descrito em Lucas 4.17-21.

17 Então, lhe deram o livro do profeta Isaías, e, abrindo o livro, achou o lugar onde estava escrito: 18 O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, 19 e apregoar o ano aceitável do Senhor. 20 Tendo fechado o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e todos na sinagoga tinham os olhos fitos nele. 21 Então, passou Jesus a dizer-lhes: Hoje, se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir.

O apóstolo Pedro citou vários textos na sua pregação registrada em Atos 2.14-40; e o diácono Estevão compôs uma história de Israel para evangelizar os judeus, na tentativa de cumprir a determinação de Atos 1.8, como ficou escrito em Atos 7.2-53. O autor da Epístola aos Hebreus interpreta Jeremias 31 no capitulo 8, quando abordou o cumprimento da Nova Aliança. E em muitas outras partes das Escrituras o estudo acadêmico é necessário para a compreensão da mensagem divina, e conseqüentemente para o conhecimento de Deus e de Sua vontade.

O pastor, ou obreiro, que tem a função do ensino da Palavra de Deus deve conhecê-la bem a fim de não prejudicar a vida de outras pessoas com ensinos errados. Os saduceus não criam na ressurreição, e deles provavelmente vinham os sacerdotes. Imagine quão distante de Deus estava Israel. Por isso Jesus lhes disse: “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22:29).

Os tessalonicenses eram ignorantes quanto à doutrina das últimas coisas, e o resultado foi a extrema irresponsabilidade com relação as suas finanças e responsabilidade civis, chegando ao ponto de não sustentarem o ministério do missionário Paulo, como relatado pelo próprio em 1 Tessalonisenses 2:9: “Porque, vos recordais, irmãos, do nosso labor e fadiga; e de como, noite e dia labutando para não vivermos à custa de nenhum de vós, vos proclamamos o evangelho de Deus”. Dentre outros motivos, este é um que levou o apóstolo a ensiná-los sobre o arrebatamento em 1 Tessalonisenses 4:13: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança”.

É realmente imprescindível o estudo exaustivo da Palavra de Deus até o fim de nossas vidas. Mas e o que dizer de Eclesiastes 12.12? “Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne”. Este verso está realmente nos aconselhando a maneirar nos estudos? Estudar a Bíblia pode ser enfado?

O versículo seguinte completa sua mensagem a luz da motivação deste livro: “De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem” (Ec 12:13). Qualquer ação debaixo do sol, como diz o pregador, realizada sem Deus é vã, inútil, e como correr atrás do vento. Até mesmo o estudo da Bíblia. Muitos eruditos nos textos sagrados não conhecem a salvação pelo sangue de Jesus Cristo.

O estudo acadêmico, visando à erudição fria, demonstrada na ostentação pelo esborrotar de conhecimento não é garantia de um andar com Deus em fidelidade. A pesquisa acadêmica para a compreensão da Palavra de Deus deve gerar vida abundante e comunhão com Deus, que em resumo é o guardar os mandamentos de Deus.

Devemos lembrar que o Senhor há de julgar as nossas obras, até mesmo no esforço e empenho no estudo da sua Palavra, como na seqüência é dito no versículo seguinte: “Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más” (Ec 12:14). Temos que perscrutar a Palavra de Deus, mas não sem Deus, o Senhor não pode estar de fora.

Paulo nos serve de modelo, que ao ser chamado de louco, pelo governador Festo, respondeu com as seguintes palavras: “Paulo, porém, respondeu: Não estou louco, ó excelentíssimo Festo! Pelo contrário, digo palavras de verdade e de bom senso” ( Atos 26:25).

A Revelação de Deus bem compreendida deve gerar as disciplinas espirituais na vida do crente, como ocorreu com Daniel após estudar o profeta Jeremias: “Voltei o rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, pano de saco e cinza” (Dn 9:3). Ele começou a orar! Nosso estudo diário da Bíblia resultará em oração, amor, adoração, louvor, paz, misericórdia, perdão, etc. para a glória de Deus. Amém!

Um comentário:

  1. REVELAÇÃO / EXORTAÇÃO:
    Urge propagarmos na terra, a certeza de que Jesus Cristo ja vive agindo entre nós, espargindo a luz do saber, criando Irmãos espirituais, e a nova era Cristã. Eu não minto, e a Espiritualidade que esperava pela sua volta, pode comprovar que digo a verdade. Por princípio, basta recompormos as 77 letras e os 5 sinais que compõem o titulo do 1º. livro bíblico, assim: O PRIMEIRO LIVRO DE MOISÉS CHAMADO GÊNESIS: A CRIAÇÃO DOS CÉUS E DA TERRA E DE TUDO O QUE NÊLES HÁ: Agora, pois, todos podem ver que: HÁ UM HOMEM LENDO AS VERDADES DO SEU ESPÍRITO: ÊLE É O GÊNIO CRIADOR QUE CRIA ESSA AÇÃO DE CRISTO. (LC.15.28) E cumpriu-se a escritura que diz: (JB.14.17) O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem conhece, vós o conheceis, porque Ele habita convosco e estará em vós. Regozijemo-nos ante a presença do Nosso Senhor, e façamos jus ao poder que o Filho do Homem traz às Almas Justas, para a formação da verdadeira Cristandade.

    (MT.26.24) – O FILHO DO HOMEM VAI, COMO ESTÁ ESCRITO A SEU RESPEITO, MAS AI DAQUELE POR INTERMÉDIO DE QUEM O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO TRAIDO! MELHOR LHE FORA NÃO HAVER NASCIDO.

    E, ao recompormos as 130 letras e os 7 sinais que compõem esse texto, todos já podem ler, saber e entender quem é o Filho do Homem.

    E O FILHO DO HOMEM É O ESPÍRITO QUE TESTA AS ALMAS DO HOMEM E DA MULHER, NA VERDADE DO SENHOR, COMO CRISTO: E EIS A PROVA QUE O FILHO DO HOMEM FOI TREINADO NA LEI CRISTÃ

    (MC.14.41) – CHEGOU A HORA, O FILHO DO HOMEM ESTÁ SENDO ENTREGUE NAS MÃOS DOS PECADORES. E hoje, quem quiser interagir com o Filho do Homem, deve buscar “A Bibliogênese de Israel”, que já está disponível na internet. E quem não quiser, pode continuar vivendo de esperança vã, assistindo passivamente a agonia da vida terrena, à par da auto-destruição do nosso planeta....

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