quarta-feira, 1 de junho de 2011

O CASAMENTO

Hoje é dia de ir a um casamento. Eu nem queria ir, não por causa da pessoa que estava casando. Até porque fui seu professor de Escola Bíblica Dominical, quando eu tinha 16 anos. Eu era professor da sala de juniores. Foi um tempo muito bom. Lembro que eu ia na casa da noiva, quando ela ainda era uma pré-adolescente, ou, como chamávamos “junior”, para ajudá-la a obedecer sua mãe. Não sei se fiz bem, mas este não é o meu objetivo agora, nestas linhas.

Não queria ir ao casamento porque estava cansado de um dia de reuniões. Sai pela manhã e cheguei as 18:00 horas. Queria mesmo era descansar! Porém, ela, a noiva, fora minha aluna na EBD, e senti que deveria estar lá. Então, fui, e graças a Deus porque fui.

Foi muito bom! Revi muitos irmãos que não via desde minha adolescência. Senti-me realmente nostálgico. É estranho pensar que tanto tempo já se passou. Encontrei uma garota que tinha a minha mesma idade, então a usei como régua de medir minha vida pregressa. Lembrei-me que quando a conheci eu andava em um bairro muito perigoso da cidade de Fortaleza desafiando gangues de viciados. Certa vez saí de uma igreja, neste mesmo bairro, escondido em uma pickup para não ser espancado por uma gangue de delinqüentes juvenis. Esta garota estava lá na igreja. Isto causo ocorreu após o culto de domingo à noite, ainda na igreja. Eu tinha somente 14 anos. Esta garota hoje é uma mulher. Está grávida. Era uma doce menina que gostava de vôlei e me tratava muito bem. Ela, porém, se transformou em uma delegada da polícia civil. Que vida dinâmica!

Mas e o casamento? Voltemos a ele. Todas estas lembranças e conversas ocorreram no final do casamento. O que aconteceu de melhor, porém, foi durante o casamento.

O pastor entrou com sua esposa. Uma música tocava ao fundo. Em seguida, cada par de padrinhos foi entrando. Chegou à vez do noivo. E por fim, com uma música realmente impactante e majestosa, a figura principal, a noiva, o ícone da pureza. Tudo foi discreto de bom gosto e bonito.

O sermão do pastor foi curto, porém motivador. Relembrou o casamento do Príncipe Charles e da plebéia Daiana, que teve tanta pompa e tão pouca felicidade, a fim de afirmar a magnitude do casamento de dois servos de Deus. Ele fixou em nossas mentes o sacrifício de Cristo como modelo de amor para o casal, e o testemunho maravilhoso de um casal jovem para a Igreja e para a sociedade. Tudo foi maravilhoso, porém não o principal do casamento, para mim.

A noiva estava de branco e o noivo bem arrumado com seu fraque. A igreja decorada com flores naturais, e lençóis torcidos nas paredes, criava um ambiente agradável e reverente. Havia muitas pessoas, quase sem haver cadeiras vagas. Nenhum paradigma havia sido quebrado. Exceto aquele que mais me chamou a atenção neste casamento.

Tudo foi legal, mas somente fiquei extremamente feliz quando vi a daminha entrando! Ela era diferente de qualquer casamento. Todos olhavam para ela de modo estranho, inclusive eu. Ela era mais alta do que as daminhas tradicionais. Sua almofada decorada, que portava as alianças representativas da verdadeira aliança do casamento, era o que tinha em comum com todas as outras daminhas.

Seu cabelo era estranho. Era branco! Curto! Ela usava óculos e sua pele era clara e enrugada. Esta foi a dama surpresa de casamento mais estranha que já vi. Ela não representava a jovialidade e fofura desta classe, mas figurava novas e mais importantes virtudes. Esta singular dama, pois já não pode mais ser chamada de daminha neste texto, cravou em meu coração as sublimes virtudes do sacrifício, da gratidão, da honra e do amor.

Esta dama de honra, que carregou as alianças, foi a missionária, agora idosa, que criou o noivo como sua mãe adotiva. Ela o pegou ainda criança, junto com sua irmã, e os educou na Palavra de Deus. Ensinou todos os princípios bíblicos para ele, e agora estava vendo-o chegar ao ápice da responsabilidade e compromisso, o casamento. A missionária tentou voltar ao seu país de origem para se aposentar, mas não conseguiu. Não se adaptou mais a sua pátria, porque o Brasil tornou-se seu país de origem. E o fruto do seu ministério aqui estava era aquele noivo!

Tudo foi preparado para aquele momento. Muito cuidado, dedicação, noites sem dormir, muita oração. Talvez lágrimas e decepção. Mas, com certeza, sempre acompanhadas de perdão, compreensão e amor.

Em uma sociedade onde os jovens são arrogantes, sentem vergonha dos seus pais, são egoístas e ingratos, este casamento representou a satisfação de investir a vida na vida.

A cada passo que a dama de honra dava em direção ao altar, com as alianças na almofada, as lágrimas pulavam de admiração pela homenagem prestada. A gratidão pintou o rosto de todos, ao refletir o olhar do noivo em sua “mãe dama de honra”. O momento congelou-se, e o tempo parou. Foi como o céu na terra.

Casamento, gratidão e Deus. Você não acha que estas palavras são sinônimas?

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